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A vida é uma passagem

A vida é uma passagem

04
Dez20

Idiotices da vida #7

Ana Rita

Já mais poderia começar este novo post sem fazer referência ao anterior e a todas as sensações que vieram por osmose. Para quem está descontextualizado, o Sapo destacou “Idiotices da vida #6” na secção dos “Destaques” e digo-vos já que foi um misto. Quando ingressei neste mundo jamais pensei chegar aos destaques, pensei que isso só acontecia aos outros. Pelos vistos estava bem enganada. Foi tão bom ter o reconhecimento do Sapo na minha escrita. Senti-me motivada e lisonjeada, todavia confesso que foi um pouco intimidante saber que há efetivamente pessoas atrás desta plataforma a ler cada partilha feita.

Quanto ao tema de hoje, acho pertinente começar com umas breves questõezinhas: já permitiram que apenas uma pessoa estragasse o vosso dia? Já olharam para trás e pensaram que deram demais a uma pessoa? Já colocaram demasiadas expectativas apenas numa pessoa? Se já. Juntem-se ao clube.  

Infelizmente, já deixei muitas vezes que apenas uma pessoa me estragasse o dia todo. Já lhe dei essa importância, sim. Já permiti que alguém deixasse ter esse controlo sobre mim. Coloco muitas vezes o bem-estar dos outros acima do meu, mas com esta pessoa fui bem mais longe. É errado. É mau. Desgasta. Se nós não nos soubermos valorizar, quem o sabe? Se nós não nos soubermos colocar em primeiro lugar, quem o vai fazer?

Olho para trás, faço uma retrospetiva, e dói perceber que já cometi esses erros e, se calhar, por vezes, ainda os faço. Mas, hoje, de uma forma diferente, menos intensa e mais sensata. Os sentimentos são muito complicados. Parte boa: são passageiros, por isso, cabe-nos fazer coisas que gostamos para abstrair desse mood. Se pudesse voltar atrás, tinha mudado muita coisa, mas uma das coisas era, com toda a minha certeza deste mundo, não deixar que uma pessoa tenha tanta influência no meu ser e na minha maneira de encarar o dia.

Mas querem saber mais? Eu já parei muitas vezes no tempo para pensar no porquê de determinada pessoa não pensar tanto em mim, como eu achava que pensava nela. Já chorei rios em detrimento da distância que nos separava. No que podíamos estar a viver e no que não estávamos. E, do outro lado, não sentia o sentimento recíproco. Sofri com isso. Sofria muito com isso. Mas chegou um dia que disse para mim mesma: “Chega! Se essa pessoa deixasse de existir na tua vida, morrias?”. Muito sinceramente, se não ponderasse, acreditem que ia o sim. Contudo ponderei e percebi que realmente não fazia sentido deixar mais acontecer essa situação. Ele, o estar com ele, as suas mensagens eram droga para mim. Estava completamente viciada nele, no pior sentido da palavra. Se algo acontecia, e eu interpretava na minha cabeça como um problema, pensava o dia todo no porquê de ter sucedido e em possíveis soluções para impedir que voltasse a acontecer. Gastava imensa energia nisto que não valia de nada. Só sofria com aquilo.

Talvez ajudasse se já tivesse tido uma relação, mas era a primeira e, como tal, queria que tudo corresse bem e fosse perfeito. Sou muito exigente comigo própria, por isso, é normal que também o seja com as relações que me rodeiam. Mas sei, ao ver que aquilo, que era um formato exagerado.

Gosto de fazer várias análises e proceder a vários pontos de vista. Já me passou pela cabeça a hipótese de me ter atirado demasiado cedo para uma relação sem conhecer todas as manias, gostos e valores da pessoa em questão. Deixei-me levar pela paixão que nos unia. Deixei-me levar pelo mundo cor de rosa do início. Deixei-me levar pelo carinho, pelos miminhos, beijinhos e abraços reconfortantes.

Outro aspeto poderá ser porque na minha cabeça idealizava outra versão do que era namorar. Ou talvez, a mais considerável de todas as opções, não estava pronta. Antes de acharmos que gostamos de uma pessoa, temos de nos certificar que gostamos a 100% de nós próprios. E, talvez, eu tenha falhado nessa lacuna.

Lado positivo, fica a experiência, fica o acontecimento, fica o ensinamento. Hoje sei aquilo que não voltaria a fazer. Só me sinto triste por ter deixado que uma pessoa arruinasse tantas vezes o meu humor e a minha forma de levar o dia. Foram tantas as noites que chorei e, às vezes, foram tardes. A minha mãe estranhava, porque de manhã tinha os olhos inchados (de ter chorado na noite anterior). Mas nunca tive coragem de lhe dizer o porquê, talvez por vergonha de mim mesma, talvez por saber que tinha feito uma má escolha (e damn se há coisa que sou é orgulhosa). Tudo isto, inibiu-me de partilhar vulnerabilidades e partes frágeis, tanto com essa pessoa como com a minha mãe. Uma vez decidi abrir o meu coração com essas duas pessoas e correu mal, de maneiras diferentes, mas resultado igual: nada mudou, até piorou em certos aspetos. Pelo menos estes momentos servem para relembrar a sorte que tive nos amigos que me rodeiam. É muito importante não guardarmos os problemas só para nós e desabafar com alguém.

Hoje consigo ver a sortuda que sou, apesar destes pequenos percalços que a vida proporciona.

E, acima de tudo, não sei bem a quem agradecer se a Deus, se à vida, se ao destino, mas OBRIGADA por me terem iluminado este caminho revitalizador da escrita. Sinto-me 20 Kg mais leve 😊

Um bom voyage a todos!

Conselho: Jamais permitam que alguém, seja quem for, vos tire a vossa energia, a vossa essência e o vosso ser. Porque ninguém merece isso. Amem-se primeiro para permitir que vos amem. Nunca se tratem abaixo de Rainha/Rei. Cuidem de vocês como se estivessem a cuidar da pessoa que mais amam no mundo. Saibam-se colocar em primeiro lugar, porque isso não é de todo egoísmo, é saber ter amor próprio.

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